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As bactérias do intestino podem influenciar nossos genes

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Trilhões de bactérias vivem em nosso intestino. Elas são fundamentais para a nossa sobrevivência, mas a ciência ainda não sabe direito como — atualmente, pesquisas investigam várias hipóteses, de uma digestão melhor à maior incidência de depressão. Mas como funciona isso? É o que tentou descobrir um novo estudo publicado na revista Cell.

Pesquisadores de um grupo de universidades dos Estados Unidos descobriram que os micróbios que vivem dentro de nós podem se comunicar com nossas células e ditar o que devem fazer. Para isso utilizam uma molécula específica: o óxido nítrico.

Onipresente em mamíferos, o óxido nítrico se liga às proteínas humanas de maneira cuidadosamente regulada — um processo conhecido como S-nitrosilação — e um desequilíbrio é amplamente relacionado a doenças como Alzheimer, Parkinson, asma, diabetes, doenças cardíacas e câncer.

Para o estudo, os cientistas rastrearam o óxido nítrico secretado por bactérias intestinais dentro de vermes minúsculos, chamados Caenorhabditis elegans, utilizados para simular o que se passa dentro do organismo de mamíferos.

Observou-se que o óxido nítrico secretado por bactérias intestinais ligadas a milhares de proteínas do hospedeiro alterou completamente a capacidade de um verme regular sua própria expressão gênica.

Estudo pioneiro

É a primeira vez que os cientistas comprovam que as bactérias do intestino podem penetrar em redes de óxido nítrico. Os resultados sugerem que a molécula é um mecanismo geral pelo qual as bactérias intestinais podem se comunicar com os hospedeiros mamíferos.

Os trabalhos anteriores para desvendar linhas de comunicação de e para as bactérias intestinais concentraram-se principalmente em moléculas raras. “As novas descobertas são semelhantes à descoberta de uma linguagem química comum entre espécies, em oposição a palavras isoladas”, explica um dos coautorres do estudo, Jonathan Stamler, diretor do Instituto de Medicina Molecular Transformadora da Universidade Case Western Reserve, em comunicado.

O óxido nítrico pode ser a linguagem com a qual as bactérias conversam com o nosso corpo. “Há uma tremenda complexidade no intestino, e muitos pesquisadores estão atrás da próxima substância incomum produzida por uma bactéria que pode afetar a saúde humana”, diz ele. “A grande variedade da população de bactérias intestinais e sua relação com o hospedeiro prediz que haverá meios gerais de comunicação que nós humanos podemos reconhecer.”

Stamler imagina que o óxido nítrico pode representar uma oportunidade para manipular esse relacionamento simbiótico. Assim como os probióticos são projetados para melhorar a digestão, é possível inocular o intestino de uma pessoa com bactérias para melhorar a sinalização do óxido nítrico. “Agora penso nisso de forma terapêutica, como uma droga. Há enormes oportunidades de manipular o óxido nítrico para melhorar a saúde humana”, conta.

Embora o óxido nítrico e a S-nitrosilação possam ser um modo geral de comunicação interespecífica com implicações amplas na saúde, será necessária uma pesquisa mais aprofundada sobre o assunto. “O óxido nítrico será o único canal de comunicação química? “Estamos basicamente vendo uma nova abertura de campo para estratégias gerais de comunicação”, diz Stamler. “Haverá outros.”

 

Fontes: Galileu